Ele já estava sofrendo muito, desde que havia sido internado por complicações respiratórias. Sua morte não nos pegou de surpresa. A bênção da Páscoa para a cidade de Roma e o mundo, e o eio feito no meio do povo na Praça São Pedro, soaram como despedida. Sentimo-nos doloridos com sua ausência, mas somos mais ainda agradecidos. Francisco foi o papa que Deus deu à sua Igreja nestes tempos sombrios, para trazer ao mundo sinais de alegria e misericórdia, conforto e solidariedade.
Papa dos Gestos
Francisco falava do amor de Deus mais por gestos que por palavras. Ele acolhia carinhosamente crianças e jovens, pessoas com deficiência física, casais e famílias, pessoas idosas, pessoas com orientação homossexual e transgêneros, refugiados e migrantes, sem nunca perguntar sobre a qualidade moral dos que ele abraçava, beijava e abençoava. Ele viajou para ilhas, regiões e países pobres para aí demonstrar o cuidado da Igreja com os últimos e esquecidos. Ele praticou de modo concreto e visível a opção pelos pobres feita pela Igreja, buscando “uma identificação cada dia mais plena com Cristo pobre e com os pobres” (Puebla, 1140).
Papa das Comparações
Em linguagem fácil, de quem fala “como quem tem autoridade” (Mt 7,29), ele expôs os ensinamentos da Igreja sobre os mais diversos assuntos, procurando abrir caminhos para ser bem compreendido. Apresentou a Igreja como hospital de campanha que se preocupa com os primeiros socorros. Elogiou a Igreja acidentada e com os pés enlameados por ter-se lançado à rua em vez de ficar nos gabinetes. Insistiu que a Igreja é mãe que acolhe e abraça a todos, todos, todos, como gostava de repetir. Quis que os padres sejam pastores com cheiro de ovelhas, que caminham com o povo, à frente ou no meio ou na retaguarda, mas sempre com o povo.
Papa dos Caminhos Abertos
Com muita ousadia ele abriu caminhos, iniciou processos, em vista da transmissão da fé em nosso tempo. Encaminhou o sínodo sobre a sinodalidade, que pôs a Igreja em movimento, de baixo para cima, para fazer com que todos se sintam participantes e corresponsáveis pela comunhão e pela missão da Igreja. Abriu os estudos sobre a possibilidade de mulheres se tornarem diáconas. Possibilitou a bênção de casais homossexuais e de casais em segunda união. Exigiu tolerância zero da parte dos bispos diante de casos de abuso sexual de crianças por membros do clero.
Ele deixará saudades, mas será sempre um farol a iluminar nosso futuro!